No manuseamento de obras raras
Biblioteca Nacional desaconselha uso de aparelhos de digitalização automática
Dois aparelhos de digitalização automática de documentos estão disponíveis no mercado português mas a Biblioteca Nacional considera desaconselhável a utilização de equipamentos automáticos no manuseamento de obras raras.
Depois de ter apresentado, em Maio, o BookScan APT 2400, destinado a formatos standard e que permite digitalizar até 2400 páginas por hora, a empresa Meiostec disponibiliza, a partir desta semana, o SkyView, máquina pensada para grandes formatos.
Segundo a Meiostec, os dois equipamentos permitem dar resposta “às necessidades actuais dos arquivos digitais”, uma vez que as imagens obtidas “podem ser convertidas num microfilme de alta qualidade”.
Sobre a eventual aplicação dos equipamentos a processos de digitalização de larga escala, o administrador da Meiostec, Luís Pereira, afirmou que foram já estabelecidos contactos com a Torre do Tombo e que existem pequenas bibliotecas a planear quotizar-se para adquirir o BookScan, que depois usarão de forma partilhada.
Porém, tendo em conta que ambos os equipamentos funcionam com um grau de intervenção humana reduzido, operando de forma quase automática, há quem expresse receio pelo contacto robotizado com as obras.
Helena Patrício, directora de Serviços de Sistemas de Informação da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), onde se insere o Serviço de Gestão de Conteúdos Digitais, afirmou à Lusa ter conhecimento das máquinas mas não existir qualquer contacto estabelecido com a Meiostec para as adquirir ou requisitar os seus serviços.
De acordo com a responsável, “neste momento, em que não está a decorrer nenhum projecto com financiamento externo, as actividades de digitalização na Biblioteca Nacional são realizadas por recursos humanos internos, com equipamento adquirido pela Biblioteca”.
Além disso, “a experiência da BNP, e a de outras bibliotecas com fundos patrimoniais, desaconselha a utilização de equipamentos automáticos para a digitalização de obras raras, geralmente frágeis, que são a prioridade do programa de digitalização da BNP”, explicou ainda a responsável.
A directora de Serviços de Sistemas de Informação adiantou que, mesmo as empresas a quem a Biblioteca por vezes adquire serviços de digitalização, “recorrem à utilização de equipamentos manuais para a digitalização de obras cuja antiguidade ou valor tornam arriscado o manuseamento robotizado”.
Como nos próximos anos continuará a ser prioritária a digitalização de obras das colecções especiais da BNP, “cujos documentos exigem, na sua maioria, um manuseamento não automático”, a Biblioteca Nacional “não tenciona, para já, investir na aquisição de equipamentos robotizados de digitalização”, assegurou Helena Patrício à Lusa.
FONTE: Última Hora
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